Reproduzimos
a seguir a entrevista a Yoel Rodríguez publicada no número 119 do
jornal Novas da Galiza, na que o ex porteiro do Celta e actual porteiro
do CD Lugo valora a presente situaçom do futebol galego e aposta por
recuperar os encontros amigáveis da seleçom galega.
ZÉLIA
GARCIA / O atual porteiro do CD Lugo, foi um dos jogadores galegos que
conseguiu que o Celta de Vigo ascendera a Primeira Divissom em junho do
2012. Na festa do ascenso, este moço de 24 anos, viguês do bairro de
Coia, saía a celebrar com a estreleira às costas, ainda que ele lhe
resta importáncia, e assume o feito com normalidade: “Túñez também
levava a de Venezuela”. Falamos com ele, junto aos seus cavalos, umha
das suas grandes paixons, dos seus começos no mundo deste desporto, do
bom momento do futebol galego, e da importáncia da canteira, “porque
sentimos as cores de outra maneira”.
Como começa a tua historia com o futebol?
Eu
comecei como qualquer rapaz e, pouco a pouco, vas medrando, tés as
ideias mais claras e decideste por isto. A partir de cadetes foi quando
apostei forte por ser um jogador profissional. Com seis anos comecei a
jogar. Eu nom gostava de ser porteiro, preferia jogar arriba. O que se
passa é que tinha um problema: nom gostava nada de perder e quando
perdia, e sobretodo nessas idades que nom tés tanta cabeça, dava muitas
patadas e pelejava, e o meu tio, dixo que eu tinha que ser porteiro, que
ele também tinha jogado nessa posiçom, e assim foi.
Nota-se
a crise económica também no mundo do futebol? Vivem-se mudanças nesse
sentido determinadas por motivos económicos no vosso sector?
A
crise nota-se, claro, e o positivo é que a gente da canteira temos mais
facilidade para sair hoje, porque agora os clubes já nom tenhem
dinheiro para fichar tanta gente.
Como foi para ti viver o ascenso do Celta?
Foi
todo mui intenso, e foi o meu melhor momento, o mais feliz como
jogador. Todo o que aconteceu no estádio e depois do bus, e pola cidade
ao dia seguinte foi mui bonito. Tanto eu como o resto de companheiros
guardaremos para sempre um grandíssimo recordo desses dias.
Nessa festa do ascenso tiveste um recordo mui especial para a tua família.
Nesse
momento tam feliz que foi para mim o ascenso quigem lembrar-me das
minhas avós: umha quando eu era um rapaz e tinha seis anos faleceu, e a
minha outra avó dous dias depois de ascender também morreu. Cada dia que
me preguntavam polo ascenso, que a quem lho dedicava, eu sempre falava
das minhas avós, porque ela dixo que queria ver o seu neto jogar em
Primeira e ao final, por circunstáncias, nom o conseguiu. Eu penso que
elas estám aí arriba e eu vou-me esforçar ao máximo para que um dia
poidam ver-me em Primeira e que desfrutem comigo.
Como está a ser a experiência deste ano no CD Lugo?
Mui
boa, nom pensei que me fosse adaptar tam rápido à cidade, e todo está
indo mui bem. Também me acoplei mui rápido com os companheiros. Na
Segunda Divissom a gente joga cada vez melhor ao futebol, e este ano há
equipas que resulta estranho encontrá-las em segunda pola sua qualidade.
O CD Lugo está a adaptar-se mui bem à categoria. Demos a talha em
campos mui duros como no do Sporting, por exemplo, e estamos a fazer bom
futebol e sacando bons resultados.
Como
valorizas toda a polémica com os horários dos jogos e as televisons com
a LFP? É possível para umha equipa pequena, com menor orçamento que
Barça e Madrid, destacar na Liga tal e como está conformada na
atualidade?
Neste
tema os jogadores temos pouco a dizer porque todo depende dos clubes e
da LFP. É complicado que umha equipa se poida parecer a um Barça ou
Madrid, mas podemos destacar à nossa maneira, deixar a nossa pegada e
surpreender a mais de um, para além do dinheiro.
Crês que os clubes deveriam fomentar a canteira, qual é a tua opiniom?
Os
clubes tenhem que fomentá-la porque a gente da casa vivemos de outra
maneira o futebol à hora de defender as cores. O fundamental é pôr
vontade, interesse e ganas de treinar, de chegar aí e dá-lo todo.
Como valorizas o momento atual do futebol galego?
É
mui bom, com equipas em primeira, em segunda e segunda B. Isto vem-lhe
mui bem à Galiza, e eu aguardo que continuemos neste caminho. Neste caso
trabalharei para que o CD Lugo mantenha a
categoria,
e aguardo que o Celta a mantenha, e o Coruxo e o Ourense também. É
positivo porque somos muitos os jogadores galegos que estamos
demonstrando o nosso alto nível em todas as competiçons.
Entom
seria um bom momento para a Junta da Galiza relançar as convocatórias
dos jogos oficiais da seleçom galega? Participaste de algumha das
convocatórias anteriores?
Eu
nunca estivem, só quando era mais novo em cadetes e juvenis, mas na
primeira plantilha nom estivem. A verdade é que gostaria de poder jogar
algum dia na seleçom galega porque sempre é um orgulho para qualquer
galego. Quando se jogou em Balaídos, como em San Lázaro ou Riazor, foi
um espetáculo. Eu estivem no jogo de Balaídos e cheguei ali, vim o campo
cheio, escuitei o hino, num ambiente excepcional, foi emocionante. Som
cousas que nom se vivem todos os dias, e que haveria que repetir.
Como levas ser umha figura pública e mesmo contar com um clube de fans?
Agradeço
muito o carinho da gente, sentir que há quem aprecia o teu trabalho, e
mesmo os sorrisos pola rua de gente que nom conheces, mas eles
reconhecem-me e apoiam-me.
Que mensagem lhe trasladas a aqueles rapazes e raparigas que se queiram dedicar a este desporto de um jeito profissional?
A
mesma que lhe traslado ao meu irmao mais novo, que também joga ao
futebol, e que tanto serve para o futebol como para a vida em geral: é
que há momentos em que as cousas se torcem ou se endireitam, mas temos
que obrigar-nos a nós mesmos a nom nos render nunca, estar sempre
dispostos a dar a batalha polo nosso sonho.
Que metas profissionais te marcas?
O
futebol é um trabalho mui cambiante. Eu tivem a sorte agora de sair de
umha equipa galega e poder ir para outra, mas som consciente de que podo
nom ter esta sorte sempre. A minha primeira meta é fazer as cousas o
melhor possível, deixar ao Lugo em segunda, e o que venha o ano que vem
que seja bem-vindo. Se fazemos todas as cousas bem agora, a próxima
temporada será melhor. Eu pertenço ao Celta e nom vou mentir: aguardo
poder ficar no Celta, demonstrar que eu sim que quero ficar aqui.